segunda-feira, 21 de julho de 2014

Um Mundo Desconhecido de Deus

Escombros na Síria - anos de guerra civil desconstruindo uma Nação
O Oriente Médio é a origem de três das mais importantes religiões do Ocidente: a Católica, dos Palestinos, a Islâmica, dos Árabes, e a Judaica, dos Israelenses. É uma simplificação, evidente, mas serve aos propósitos dessa análise. Essas três religiões têm um fundamento em comum: acreditam que um "filho de Deus" viria à Terra para "salvar" a Humanidade de seus "pecados"; aqueles que não forem "salvos" irão para o "Inferno", enquanto aqueles que acreditarem em seus dogmas e seguirem seus ensinamentos, irão para o "Céu". As três religiões possuem seus "Livros Sagrados", escritos sob a "Inspiração Divina": a Bíblia cristã, o Alcorão árabe e o Torah judaico. E, para cada um deles, apenas suas "Verdades" são dignas do seu deus particular e merecedoras do Paraíso. Ou seja, essas religiões são auto-excludentes!

Tais religiões permaneceram praticamente imutáveis, em seus dogmas, até os dias atuais, migrando para o resto do mundo ao longo dos séculos até chegar a seus três bilhões de fiéis, metade dos quais professam a fé cristã, nela incluídos o catolicismo, o espiritismo, o protestantismo e sua variante de evangélicos. Hinduísmo e Budismo somam outros três bilhões de seguidores, enquanto cerca de um bilhão de pessoas se declaram ateus ou agnósticos. Cerca de quinhentos milhões se dispersam nas demais religiões, incluindo o judaísmo.


Davi e Golias
No século passado, as religiões cristãs evoluíram, adaptando-se às transformações tecnológicas de nossos tempos, quebrando certos mitos e disfarçando certos dogmas que não se justificam mais e não se sustentam dentro das sociedades modernas. Mas no Oriente Médio isso não aconteceu. E é disso que iremos tratar, uma vez que as guerras "modernas" que se arrastam por quase um século, dizimando milhares de famílias, impedem que as religiões muçulmana e judaica se adaptem a esses tempos atuais. E são elas, as religiões fundamentalistas, que alimentam as guerras intermináveis entre árabes e judeus.

Uma população de cerca de duzentos e setenta milhões de seres humanos não sabem o que é viver em paz, ainda que relativa. Metade dessa população pertence ao Irã e à Turquia (cerca de 140 milhões de habitantes).


  •  Afeganistão
  •  Arábia Saudita
  •  Bahrein
  •  Catar
  •  Chipre
  •  Egito
  •  Emirados Árabes Unidos
  •  Iémen/Iêmen
  •  Israel
  •  Irã
  •  Iraque
  •  Jordânia
  •  Kuwait
  •  Líbano
  •  Omã
  •  Palestina
  •  Síria
  •  Turquia

                Países do Oriente Médio


O que terá havido de tão grave nessa região para que as guerras nunca tivessem cessado ao longo de sua existência? Quais os fatores que conduziram esses povos a uma hostilidade sem precedentes, chegando a ameaçar a paz mundial, embora essa "PAZ" não seja assim tão tranquila?Considerando-se apenas o período de 1900 aos dias atuais, foram nada menos do que 23 guerras declaradas entre países daquela região, além de dezenas de conflitos, rebeliões, massacres, revoltas e golpes de estado.

Certamente, o Oriente Médio é uma das regiões mais conturbadas do mundo. Curiosamente, é também o berço da civilização ocidental, terra dos Persas, Sumérios, Acádios, Babilônios e Assírios; em um segundo período, foi a terra dos Fenícios, Macedônios, Turcos, Otomanos e Egípcios; no ano 30 a.C. o Egito sucumbiu ao Império Romano, encerrando o longo período de reinado dos Faraós. O Oriente Médio nunca mais recuperou seu brilho e poder. Permaneceu, porém, o culto às tradições, e o temor a Deus, que manteve essa região aprisionada aos dogmas religiosos que os ataram ao passado. O povo judaico foi expulso do Oriente Médio no primeiro século da era cristã, em um movimento conhecido como Diáspora ("dispersão").

Muro da Vergonha Israelense
O Estado de Israel somente ressurgiu em 1948, quando a ONU reconheceu sua existência e determinou que suas fronteiras fossem demarcadas na região em que hoje se encontra, um pequeno território espremido entre o Mediterrâneo e os Estados da Líbia, Síria, Jordânia e o Egito. Certamente, a imposição de um território cercado de seus piores inimigos foi o marco que determinou a expansão do Islamismo, a reconstrução dos Estados Árabes, a coalizão desses estados em oposição a Israel e, finalmente, o ressurgimento dos Palestinos, reivindicando também o direito a seu território e da cidade de Jerusalém, justamente nos domínios de Israel.

Desde então, esses estados coexistem em função da guerra, e suas populações, principalmente de Israel, do Irã e do Iraque, não souberam mais o que é a Paz. Esses conflitos acontecem em uma região rica em petróleo, onde qualquer instabilidade política afeta o mundo ocidental. As Guerras do Golfo nada mais foram do que uma luta pela hegemonia e pelo domínio da produção petrolífera que abastece os Estados Unidos e a Europa. 

Lá se confundem as tradições religiosas com a riqueza trazida pelo petróleo. Lá os Estados Unidos investiram numa guerra que pretendia assegurar que o fornecimento de petróleo não fosse interrompido; isso seria uma catástrofe que paralisaria a sociedade norte-americana, tornando esse país extremamente vulnerável às demais potências mundiais, Rússia e China.

Mas havia outro interesse para os norte-americanos: utilizar seu imenso arsenal bélico, construído para aplicar em outro conflito: a Guerra do Vietnam. Esses armamentos estavam se tornando obsoletos, e a indústria bélica sob o risco da falência, caso novos conflitos não fossem alimentados, de forma a exigir a produção de uma nova geração de armas marítimas, aéreas e terrestres.

E os Estados Unidos se jogaram "de corpo e alma" na Guerra do Golfo (entre Irã, Iraque e Kwait), vendendo ao mundo a imagem da redenção, pois os iraquianos ameaçavam incendiar todos os poços de petróleo do Kwait, o que de fato fizeram. Com isso, empresas foram contratadas para apagar os incêndios e "salvar" os poços de petróleo. E os EUA acabaram com seu estoque obsoleto de armamentos, reativando a sua feliz e próspera indústria bélica e ambicionando o domínio dos poços de petróleo.

Alguns anos depois, mais exatamente em 2001, um atentado às Torres Gêmeas e ao Pentágono, assumido pela organização Al Qaeda, de Osama Bin Laden, foi o estopim de nova Guerra, desta vez com o objetivo de capturar o terrorista, mas que, por trás dessa justificativa, pretendia executar um plano maior, de assassinar Saddam Houssein, o "Diabo" travestido em presidente do Iraque, a quem os norte-americanos acusavam de ter um arsenal de armas químicas (nunca encontradas), que seriam utilizadas pela Al Qaeda para perpetrar novos ataques terroristas em todo o mundo. Uma guerra de perseguição foi executada, varrendo do mapa o Iraque, tal como existia antes, e "executando" Saddam Houssein, em uma invasão do Paquistão. Em outra frente da mesma guerra, o Afeganistão foi varrido pelo exército norte-americano, tirando do poder o Taliban substituindo-o por governantes "da confiança" dos norte-americanos. Tanto o Iraque quanto o Afeganistão jamais se recuperaram dessa intromissão político-militar norte-americana.

Poderio Militar de Israel (o Golias)
Essas escaramuças, com poderio de uma "Força Estelar" digna do seriado "Star Wars", desestabilizou definitivamente os países da região, afetando, inclusive, outros países africanos, como o Egito e a Líbia, onde seus presidentes foram destituídos, em um processo que chegou a ser chamado pela mídia, de forma imprópria e precipitada, de "primavera árabe". Muhamar Kaddafi, da Líbia, foi morto pelos rebeldes, financiados e apoiados pelos Estados Unidos e pela OTAN, que enviou seus caças para bombardear Trípoli.

Não pretendo ser exaustivo nessa brevíssima retrospectiva histórica, mas apenas ilustrar minhas conclusões a respeito dos conflitos atuais. A Síria vive uma guerra civil que teve início em 2011 e já causou quase duzentos mil mortos. Toda guerra civil evidencia o esfacelamento das estruturas sociais e políticas de uma nação. Mas demonstra outra face do problema: o exército toma partido, considerando inimiga da nação parte da população, que apenas demonstra sua insatisfação com os donos de um poder totalitário. Ter um exército implica neste risco.

Palestinos fugindo do terror da guerra
Voltando à questão palestina, Israel pratica hoje a mesma política que foi utilizada pelos Aliados em Berlim, após a derrota de Hitler, erguendo um muro para separar o lado dos "aliados" daquele ocupado pela União Soviética. Hoje, Israel bombardeia áreas da Faixa de Gaza, ocupadas pela população civil, assassinando pessoas comuns para enfraquecer o que consideram seus inimigos, agindo contra a vontade de parcela expressiva de seu próprio povo, que já está cansado da guerra e quer apenas viver em paz.

O que faz Israel ser tão seguro de seu poder? Seu exército e seus armamentos? Seu treinamento exemplar para a guerra? Sim, isso também. Mas existe outra razão, talvez mais forte, e que paralisa os Estados Unidos diante do Conselho de Segurança da ONU: existem milhares de judeus nos Estados Unidos, muitos deles em posições estratégicas, inclusive como acionistas e diretores das maiores empresas do país.

Por essa razão, a ONU não consegue aprovar nenhuma decisão que desagrade esses interesses subalternos e não manifestados. Mas seria esta a única razão? Certamente, não. Também do lado árabe existem radicais armados de seu livro sagrado, o Alcorão, pregando a extinção do Estado de Israel. É claro que esses poderosos, que manipulam os cordões da política internacional, nunca estiveram num "front" de batalha, nem viram suas famílias serem destroçadas pelas bombas lançadas sobre suas casas! E os obscuros corredores por onde caminham esses políticos não levam a um acordo de paz.

Nesse mundo desconhecido pelos deuses de seus povos não existe a boa vontade, nem a compaixão, sentimentos humanos demais para pessoas tão cruéis, mas que levariam ao entendimento, ao perdão, à harmonia e à paz. Nenhum povo deveria ser educado para ter ódio de seus semelhantes. No entanto, nessa terra de sofrimentos, somente o que as crianças aprendem é manejar um fuzil, atirar uma bomba, odiar o "inimigo" que eles sequer conhecem, e rezar para que seu "deus" reserve para eles um espaço no "paraíso" com mil "virgens" para saciar seus desejos...

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