quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Indústria de gusa do MA apoia desmatamento zero


O acordo foi selado com empresas no Palácio do Governo do Maranhão, dois meses depois do Greenpeace bloquear um navio cargueiro em São Luís.
Acordo foi assinado na manhã de hoje em São Luís (MA). A partir da esq., Marcos Souza, secretário-executivo do Sifema; Washington Oliveira, vice-governador; e Paudo Adario, diretor da cvampanha Amazônia do Greenpeace. (©Greenpeace/divulgação)
A indústria de ferro gusa do Maranhão assinou, nesta quinta-feira, um compromisso público pelo desmatamento zero em sua cadeia de produção. A medida veio dois meses depois que o Greenpeace lançou o relatório “Carvoaria Amazônia”, denunciando uma série de irregularidades ambientais e sociais no setor. Na ocasião, ativistas passaram 11 dias em São Luís bloqueando um navio que seria carregado com ferro gusa, a matéria-prima do aço.
Pelo acordo, as guseiras têm dois anos para implementar um sistema de monitoramento que assegure que nenhum de seus fornecedores produza carvão com madeira de floresta nativa ou desmate para plantio de eucaliptos que são transformados em carvão.
“O compromisso que a indústria de gusa está assumindo aqui não é com o Greenpeace, mas com a sociedade e com seus consumidores. Setores que operam na Amazônia começaram a perceber que o consumidor não tolera mais produtos que causam a destruição da floresta”, diz Paulo Adario, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.
No acordo inédito, as siderúrgicas também se comprometem a quebrar contratos com carvoarias que exploram mão de obra análoga à escrava ou que usam madeira oriunda de áreas protegidas. O termo foi assinado no Palácio do Governo pelas empresas do SIFEMA (Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão). O vice-governador, Washington Oliveira, e representantes dos movimentos sociais da região também estavam à mesa.
“A assinatura desse termo por todas as guseiras do Maranhão é um avanço importantíssimo. A falta de governança na região de Carajás, onde o ferro gusa é largamente produzido, é gritante. Mas esse é só o primeiro passo de um longo processo que vamos acompanhar de perto”, afirmou Paulo Adario.
Caberá à própria indústria construir os mecanismos de controle e monitoramento necessários para assegurar à sociedade que o acordo está sendo cumprido. Mas tanto o Greenpeace quanto organizações sociais da região continuarão em campo, coletando e divulgando informações para confrontar os dados disponibilizados pelo setor.
“A rede Justiça nos Trilhos acolhe com esperança a assinatura desse compromisso. A partir daí, faz-se necessário um trabalho consistente de fiscalização, para o qual o Maranhão e a União devem finalmente se dispor com responsabilidade. Basta de impunidade”, declarou Padre Dario, da rede que representa os movimentos sociais em Carajás. Há muitos anos, a Justiça nos Trilhos denuncia irregularidades no setor.
Uma investigação do Greenpeace divulgada em maio mostrou que carvoarias que alimentam siderúrgicas do Pará e do Maranhão têm envolvimento com extração ilegal de madeira, trabalho análogo ao escravo e invasão de terras indígenas e unidades de conservação.
Em março, o Greenpeace lançou campanha nacional por uma lei de iniciativa popular pelo Desmatamento Zero. Apoiada por movimentos sociais, organizações indígenas e quilombolas, entidades ambientalistas e artistas, mais de 400 mil pessoas já assinaram a petição. Quando 1,4 milhão de assinaturas forem recolhidas, o projeto será encaminhado ao Congresso.

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